sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Fratura de tíbia e fíbula

A tíbia, osso da canela ou osso da perna é um do osso longo frequentemente fraturado. Os ossos longos incluem o fêmur, úmero, tíbia e fíbula. A fratura diafisária da tíbia ocorre ao longo do comprimento do osso, abaixo do joelho e acima do tornozelo.

A fíbula articula-se com dois ossos: tíbia e tálus. Não possui função de sustentação de peso. A tíbia é o maior dos dois ossos, ele suporta a maioria do peso corporal e é uma parte importante da articulação do joelho e do tornozelo.

Normalmente a fratura dos ossos longos é decorrente de uma grande força e outras lesões ocorrem frequentemente com estes tipos de fraturas.

A tíbia pode quebrar de diversas formas. A gravidade da fratura geralmente depende da quantidade de força que causou a fratura. A fíbula é muitas vezes quebrada também. 

OS TIPOS MAIS COMUNS DE FRATURAS:
  • Fratura estável
  • Fratura deslocada ou desviada
  • Fratura transversa
  • Fratura oblíqua
  • Fratura espiral
  • Fratura cominutiva
  • Fratura exposta
  • Fratura fechada

CAUSAS:

Colisões, quedas de moto e acidentes de alta energia, são causas comuns. 

Lesões esportivas: Essas fraturas são normalmente causadas ​​por uma força de torção e resultam em um tipo oblíquo ou espiral de fratura.

Como foi o caso do lutador de MMA Anderson Silva, ele fraturou a tíbia e fíbula esquerda com um chute no adversário. Ele passou por uma cirurgia onde foi inserida uma haste intramedular na tíbia esquerda. A fíbula quebrada foi estabilizada e não vai precisar de uma cirurgia à parte. O tempo de recuperação para esse tipo de lesão pode variar de três a seis meses.

OS SINTOMAS MAIS COMUNS:
Dor
Incapacidade de caminhar ou suportar o peso sobre a perna
Deformidade ou instabilidade da perna
Osso saliente sob a pele 
Perda ocasional da sensibilidade no pé

EXAMES:

Radiografia
Pode mostrar se o osso está quebrado e se há deslocamento. Eles também podem mostrar quantos pedaços de osso existem.

A tomografia computadorizada (TC)
A tomografia computadorizada mostra uma imagem de corte transversal do membro. Ele pode fornecer mais informações sobre a gravidade da fratura.

TRATAMENTO:

Tratamento não cirúrgico pode ser recomendado para pacientes que:
Tem doenças sistêmicas que dificultam o tratamento operatório (diabetes, doença vascular)
Pessoas sedentárias, que por isso são mais capazes de tolerar pequenos graus de angulação ou diferenças no comprimento da perna
Têm fraturas fechadas com apenas dois fragmentos de ossos grandes e com deslocamento pequeno

Tratamento com aparelho Gessado
Um método de tratamento não cirúrgico é o gesso tipo PTB (Patelar Tendon Bearing - gesso de contato total com apoio no tendão patelar descrito por Sarmiento) Inicialmente é usada uma calha, depois um gesso completo: cruro podálico e finalmente o PTB. Depois de semanas no gesso, ele pode ser substituído com um imobilizador ou brace funcional e iniciada fisioterapia.

Tratamento Cirúrgico
Uma fratura aberta ou exposta, ou ainda que apresente feridas que necessitam de monitoramento 
Extremamente instável devido a fragmentos de ossos soltos e grandes deslocamentos 
Fratura que não curou com métodos não-cirúrgicos

Fixação Intramedular 
A forma atual mais popular de tratamento cirúrgico para fraturas da tíbia é a haste intramedular. Durante este procedimento, uma haste de metal especialmente projetada é inserida a partir da frente do joelho para baixo no canal medular da tíbia. A haste passa através da fratura para mantê-lo na posição, o ideal é fixar a haste percutaneamente na região proximal e distal a fratura.

Placas e parafusos
Os fragmentos ósseos são primeiramente reposicionados (reduzidos) em seu alinhamento normal. Eles são mantidos juntos por parafusos especiais e placas de metal ligada à superfície externa do osso.

Fixação externa
Os pinos e parafusos são conectados a um barra fora da pele. Este dispositivo é um quadro de estabilização que mantém os ossos na posição adequada para que eles possam curar e a pele cicatrizar.

RECUPERAÇÃO PÓS FRATURA

O tempo para voltar às atividades diárias varia de acordo com diferentes tipos de fratura. Algumas fraturas da diáfise tibial curam dentro de quatro meses, mas muitos podem demorar 6 meses ou mais tempo. Isto é particularmente verdadeiro com fraturas expostas e nas fraturas em pacientes menos saudáveis com doenças sistêmicas e desnutridos.

Movimentação precoce
É incentivado o movimento das pernas no início do período de recuperação. Se lesão de tecidos moles está presente com uma fratura, o joelho, tornozelo, pé e dedos podem ser mobilizados no início, a fim de evitar a rigidez e evitar trombose.

Peso corporal
Quando o paciente começa a andar, provavelmente precisará usar muletas ou um andador.

Dor 
A dor no local da fratura geralmente diminui muito antes mesmo do osso colar. Colocar peso sem autorização médica em fraturas com extensão metafisária e articular para o joelho ou tornozelo pode provocar afundamento ósseo e a necessidade de cirurgia para colocação de enxerto. 

Fisioterapia
As complicações após a imobilização são rigidez articular, atrofia muscular da parte distal da perna e possivelmente da musculatura da parte proximal da coxa e quadril, assim como um padrão anormal da marcha. É importante que o fisioterapeuta realize uma avaliação abrangente para determinar todos os possíveis problemas que podem surgir na reabilitação inclusive amplitude de movimento, mobilidade articular, flexibilidade muscular, comprometimento de força, propriocepção, equilíbrio e marcha, o fisioterapeuta precisa também determinar as necessidades funcionais que serão impostas ao paciente e estabelecer objetivos a curto e a longo prazo de acordo com essas necessidades.

Deve-se utilizar recursos cinesioterápicos para mobilização articular, alongamentos terapêuticos e fortalecimento da musculatura preservada a fim de evitar atrofias. É importante abordar os déficits de amplitude de movimento imediatamente com exercícios de ganho de ADM, alongamentos passivos e mobilização articular. Deve-se iniciar com exercícios de fortalecimento isométrico evoluindo para isotônico assim que a ADM estiver normalizada. Após o inicio da descarga de peso deve-se treinar e reeducar a marcha e fortalecer musculatura da coxa e estabilizadores do quadril.

Na evolução de uma fratura intervêm múltiplos fatores, como a idade do paciente, a lesão de partes moles, a perda óssea, a existência prévia de enfermidades, infecções, cirurgia realizada em momento oportuno, a técnica operatória bem escolhida, o conhecimento do cirurgião, a reabilitação, a colaboração do paciente e outros fatores.


Fonte:
SILVA, M. Fratura de tíbia. Rio de Janeiro - 2012
MASCHIO, M. Abordagem fisioterapêutica em paciente com fratura de tíbia e fíbula. relato de caso. Santa Catarina – 2009.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Eletroterapia na fisioterapia neurofuncional

Fisioterapia neurofuncional objetiva o estudo, diagnóstico e tratamento de distúrbios neurológicos que envolvem as funções neuromotoras, atuando nas sequelas resultantes de danos ao Sistema Nervoso, através de estímulos, como estímulos físicos e estímulos elétricos por exemplo.

Os agentes eletrofísicos são usados pelos fisioterapeutas para tratar uma grande variedade de condições. Esses agentes incluem ondas eletromagnéticas e sonoras, alem de correntes estimuladoras de músculos e nervos.

As correntes estimuladoras de músculo e nervo são correntes elétricas capazes de causar a geração de potenciais de ação.

ATIVAÇÃO MUSCULAR PELO MOTONEURÔNIO

➨ Controle neural do músculo:

O cérebro usa sinais elétricos estereotipados - potenciais de ação do nervo - para processar a informação recebida pelo SNC e analisa a informação em vários níveis.

O código de informações depende primariamente da frequência dos impulsos transmitidos ao longo de uma fibra nervosa, do numero de fibras envolvidas e das conexões sinápticas feitas dentro da medula espinhal e nos níveis mais altos do SNC.

A UNIDADE MOTORA

Essa unidade consiste em um motoneurônio com seu axônio e dendritos, as placas motoras e as fibras musculares supridas por ele. A frequência de disparo dessas células depende de suas conexões com impulsos aferentes dos músculos.

A estimulação elétrica externa é usada terapeuticamente para desencadear a contração de músculos esqueléticos de modo a suplementar ou estimular os processos fisiológicos normais.

IMPULSOS AFERENTES PARA O SISTEMA NERVOSO CENTRAL

A habilidade de reagir a estímulos externos depende da chegada de informações provenientes de fontes externas para o SNC.

TRANSMISSÃO DE IMPULSOS DOS RECEPTORES

Os estímulos adequados geram potenciais receptores que resultam em trens de potenciais de ação; esses são propagados ao longo de fibras nervosas aferentes.

Quanto maior a intensidade do estimulo, mais alta a frequência dos potenciais de ação e maior o numero de receptores que são estimulados.

PACIENTES NEUROLÓGICOS

Uma das maiores consequências de uma lesão ou distúrbio do SNC é o controle muscular prejudicado.

O prejuízo pode ser de moderado (hemiparesia, paraparesia, tetraparesia) a severo (hemiplegia, paraplegia e tetraplegia).


Quando há danos moderados o foco no processo de reabilitação é na facilitação da recuperação e desenvolvimento de estratégias alternativas para o paciente. 

⇒ Consistiu de 7 indivíduos que sofreram AVC com quadro de hemiparesia espástica
Foram atendidos 3x semana, durante 4 meses
A estimulação foi feita no grupo muscular extensor do cotovelo e grupo muscular extensor de punho e dedos
Os resultados foram bastante significativos para contratilidade, melhor controle e redução da espasticidade maior recuperação da capacidade funcional para atividades diárias.

A amostra consistiu de 5 pacientes
Atendidos 2x semana, durante 10 sessões
A corrente foi utilizada no músculo tibial anterior do membro acometido
A avaliação fisioterapêutica contendo: a análise cinemática da marcha, a goniometria, a Escala de Ashworth Modificada, o POMA I-Tinetti simplificado e o Índice de Barthel.
Os resultados mostraram melhora na espasticidade, ↑ da amplitude articular de dorsiflexão passiva, ↑ do equilíbrio e da capacidade funcional.

INDICAÇÕES

Hemiplegia
Lesado Medular
Paralisia Cerebral
Paralisia Facial
E ainda em estudo encontra-se o uso em pacientes com Parkinson

A utilização de estímulos seletivos de modo repetitivo sobre grupos musculares paréticos, além da ação local melhorando o trofismo muscular, produz por um mecanismo de ação inibitória recíproca, a diminuição do tônus do grupo muscular antagonista.

A eletroterapia com as condições tecnológicas existentes está longe de representar o recurso definitivo que solucionará o problema da locomoção do paciente com lesão medular, e não deve ser o único recurso utilizado. Todas as outras formas de cuidados convencionais utilizadas não podem ser negligenciadas. 


Fonte:
SANTANA, J. et al. Eletroestimulação funcional no controle da espasticidade em paciente hemiparético
SANTOS, L. Uso da Estimulação Elétrica Funcional – FES em pacientes neurológicos.
VASCONCELOS, A. et al. Efeitos da estimulação elétrica funcional sobre padrão de marcha em pacientes hemiparéticos 

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Fibromialgia

O termo fibromialgia refere-se a uma condição dolorosa generalizada e crônica.

É considerada uma síndrome porque engloba uma série de manifestações clínicas como dor, fadiga, indisposição, distúrbios do sono.

A presença de 11 dos 18 pontos padronizados tem valor para fins de classificação, entretanto, em casos individuais, pacientes com menos de 11 pontos dolorosos poderiam ser considerados fibromiálgicos desde que outros sintomas e sinais sugestivos estivessem presentes.

Outros achados do exame físico incluem o espasmo muscular localizado, referidos como nódulos, a sensibilidade cutânea ao pregueamento ou dermografismo, após compressão local. A sensibilidade ao frio também pode estar presente e manifestar-se como "cutis marmorata" em especial nos membros inferiores.

Os exames laboratoriais e o estudo radiológico são normais e, mesmo quando alterados, não excluem o diagnóstico de fibromialgia, uma vez que esta pode ocorrer em associação a artropatias inflamatórias, a síndromes cervicais ou lombares, a colagenoses sistêmicas, à síndrome de Lyme e a tireoidopatias.

Cerca de 10% dos pacientes apresentam positividade do FAN em baixos títulos.

Em estudos a prevalência encontrada foi de 2,1% na prática clínica de família, 5,7% na clínica geral, 5% a 8% em pacientes hospitalizados e chegando a 14% a 20% dos atendimentos em reumatologia.

Existe forte predominância do sexo feminino (80% a 90% dos casos), com um pico de incidência entre os 30 e os 50 anos de idade, podendo manifestar-se em crianças, adolescentes e indivíduos mais idosos.

PONTOS DA FIBROMIALGIA

➊ na região subocciptal (atrás da cabeça)
➋ no músculo trapézio (em cima do ombro e nas costas)
➌ na região supraespinal
➍ na altura das vértebras cervicais
➎ na articulação condrocostal (onde a segunda costela se insere no osso esterno)
➏ no joelho, especialmente na face medial do joelho
  no trocanter maior
  na região glútea
  do lado do cotovelo

FATORES DE RISCO

Falta de condicionamento físico: o sedentarismo é apontado como o principal fator de risco
Mudanças hormonais como incidência de fibromialgia são maiores em mulheres que estão entrando na menopausa
Estresse e traumas emocionais
Doenças infecciosas
Hereditariedade

SINTOMAS MAIS COMUNS

Dor generalizada pelo corpo por, pelo menos, três meses
Sono inquieto, superficial e não-restaurador
Cansaço, perda de energia e diminuição da resistência a exercícios físicos
Cólon irritado e outras disfunções intestinais
Formigamento e dormência nos braços, pernas, rosto e, sobretudo, nas mãos e nos pés
Depressão e ansiedade crônicas
Cefaléia
Sensação de inchaço nas articulações
Rigidez muscular
Desconforto diante de mudanças

FIBROMIALGIA x DOR MIOFASCIAL

Assim como a fibromialgia, a dor miofascial é frequente em mulheres entre 40 e 50 anos. Fadiga, rigidez, distúrbios de sono, ansiedade ou depressão menos frequentemente acompanham o quadro.

Difere da fibromialgia na medida em que constitui um acometimento regional e não difuso, com a presença de "trigger points" e não de "tender points".

TIPOS DE TRATAMENTO

O objetivo do tratamento é ajudar a aliviar a dor e outros sintomas, ajudando o paciente a enfrentar os sintomas.


Uso de antidepressivos tricíclicos para aumentar a vida útil da serotonina. A dosagem é menor do que para pacientes com depressão e tem efeito analgésico e de relaxante muscular.
Uso de analgésico leve para interromper o ciclo da dor. Indicado em casos de crises agudas, tem efeito temporário.
Exercícios físicos de baixo impacto para aumentar a produção da endorfina e melhorar a oxigenação muscular.
Alongamento para aliviar a sensação de dor provocada pela contração muscular excessiva, comum em pacientes com fibromialgia.
Acupuntura para melhorar a qualidade do sono, estimular a produção de serotonina e endorfina e combater a depressão e a ansiedade.
Redução das situações de estresse procurando fazer pequenas pausas de descanso ao longo do dia para evitar a fadiga.
Técnicas de relaxamento


Saiba mais aqui >> fibromialgia.com.br 

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Anemia Falciforme

A anemia falciforme (AF)  foi descrita pela primeira vez em 1910 por Herrick, como sendo uma doença de caráter autossômico dominante que afeta, mais frequentemente, indivíduos negros, porém não sendo exclusiva desta etnia.

A causa da doença é uma mutação da hemoglobina, dando origem a uma hemoglobina anormal denominada hemoglobina S (HbS), ao invés da hemoglobina normal denominada hemoglobina A (HbA).

No Brasil, a predominância é entre negros e pardos, mas também ocorre entre brancos em função da miscigenação.

Existe mais de 2 milhões de portadores do gene da HbS, no Brasil, mais de 8.000 com a forma homozigótica.

Em todo mundo nascem 250.000 crianças a cada ano com AF, sendo 200.000 somente no continente africano.

A Bahia é o maior estado brasileiro em número de portadores de HbSS e o terceiro estado em internamentos por complicações da AF, sendo responsável por 1,8 casos por 100,000 habitantes.

A AF resulta de uma mutação no cromossomo 11 que provoca a substituição do ácido glutâmico pela valina na posição 6 da cadeia beta da globina, dando origem a hemoglobina S, que irá determinar todas as consequências fisiopatológicas da doença.

A AF pode se manifestar na forma do traço falciforme ou na AF. O portador do traço falciforme tem um gene anormal, mas não desenvolve a doença.

A hemoglobina S é desoxigenada gerando a distorção da forma da hemácia, tornando-os parecidos com uma foice.


Um glóbulo normal dura em média 120 dias, no entanto, um glóbulo falciforme dura em torno de 15 dias.


Esse processo de falcização é desencadeado por crises hemolíticas, podendo ser de quatro tipos:
  • dolorosa
  • aplástica
  • hiper-hemolítica (ocorrendo em crianças )
  • por sequestração

A mais comum é a do tipo dolorosa ou por obstrução, há a obstrução do fluxo sanguíneo por massas emaranhadas de células falcizadas.

SINTOMAS

Dactilite – Síndrome Mão e Pé
Geralmente,este é o primeiro sinal da doença. É uma inflamação aguda dos tecidos moles que revestem os ossos dos tornozelos, punhos, dedos que se apresentam inchados.

Crises Dolorosas
A célula em forma de foice tem pouca mobilidade e flexibilidade e pode obstruir o sistema circulatório, impedindo o fluxo de sangue e oxigênio aos tecidos e órgãos.

Infecção e Febre
Os doentes falciformes são mais suscetíveis a infecções, como pneumonias, meningite, osteomielite e septicemia.

Icterícia Hemolítica
Com a destruição rápida dos glóbulos vermelhos um pigmento chamado bilirrubina é liberado, como o fígado não consegue eliminar toda essa bilirrubina ela fica acumulada no sangue circulante e fazendo com que a pele e ou olhos fiquem amarelados.

Úlceras de Perna
São feridas que surgem ao redor do tornozelo e parte lateral da perna, bastante dolorosas e tendem a cronificar. Podem iniciar na adolescência e parecem ser mais frequentes nos meninos.

Sequestro Esplênico
Retenção de grande volume de sangue dentro do baço, sendo percebido com mais frequência em crianças com até cinco anos de idade.
É um quadro agudo e grave, a evolução é rápida.

COMPLICAÇÕES

Os eventos mais frequentes são a crise dolorosa vaso-oclusiva, síndrome torácica aguda e as infecções bacterianas.

Os fenômenos vaso-oclusivos característicos das doenças falciformes podem ocorrer em qualquer órgão, incluindo o coração e os pulmões. As complicações pulmonares estão entre as principais causas de morbidade e mortalidade.

Infecção
Os principais agentes etiológicos associados a episódios de infecção bacteriana invasiva são:

Streptococos pneumoniae (causa mais frequente de pneumonia)
Salmonella spp
Haemophilus influenzae tipo b
Escherichia coli
Klebsiella spp

O risco de infecções pelo pneumococo em crianças menores de 5 anos portadoras de AF é de cerca de 30 a 100 vezes maior do que em crianças saudáveis.

Complicações Pulmonares
Os infartos pulmonares múltiplos não são raros, possivelmente secundários a tromboses venosas ou embolismo, atingindo às vezes vários lobos.

Complicações Cardíacas
Ocorre aumento do DC e do VE que são acompanhados de elevação da PA sistólica e da pressão venosa. Também é frequente o aumento da área cardíaca e malformações vasculares congênitas.

Síndrome Torácica Aguda (STA)
É a segunda causa mais frequente de hospitalização de pacientes com doença falciforme, com taxas altas de morbidade e mortalidade.

 É definida pela ocorrência de dispneia, dor torácica, febre, tosse e pelo aparecimento de infiltrado pulmonar na radiografia de tórax.

É uma forma de doença pulmonar, potencialmente muito grave, que pode progredir SARA.

Todos os fatores que favorecem a hipóxia favorecem também a falcização na circulação pulmonar, podendo desencadear a STA: infecções, embolia gordurosa decorrente de infarto da medula óssea, hiperidratação, sedação excessiva, atelectasia devida à hipoventilação secundária à dor torácica, tromboembolismo, apnéia do sono, broncoespasmo.

Acidente vascular cerebral
Intercorrência grave, que se caracteriza pela interrupção do fluxo sanguíneo no cérebro.

A causa mais comum de AVC na infância é a AF.

De 5% a 10% das crianças com AF desenvolverão AVC

Estudo no hospital do RJ com 228 pcts com AF, 81% dos pcts que apresentaram AVC tinha menos de 15 anos.

O nível baixo de Hb e a contagem maior de granulócitos e plaquetas tem sido apontadas como fatores de risco para AVC.

Asplenia Funcional
Em razão dos constantes processos de vaso-oclusão no baço, este órgão tende a perder sua capacidade funcional, culminando com sua atrofia.

Episódio Aplástico
Os glóbulos vermelhos são produzidos pela medula óssea. Em razão de uma infecção viral, esta produção poderá ser interrompida.

Complicações Oculares
Os doentes falciformes estão sujeitos a complicações oculares diversas, devido ao processo vaso-oclusivo que ocorre também na circulação dos olhos. A retinopatia falciforme proliferativa pode causar cegueira.

Complicações Renais
Por causa dos processos vaso-oclusivos e da anemia crônica, os pequenos vasos dos rins são afetados, resultando em complicações estruturais e funcionais.

DIAGNÓSTICO

A detecção é feita através do exame eletroforese de hemoglobina. O teste do pezinho, realizado gratuitamente antes do bebê receber alta da maternidade, proporciona a detecção precoce de hemoglobinopatias.

A inclusão da eletroforese de hemoglobina (exame laboratorial que separa os tipos de Hb e medi a quantidade de Hb A e detecta as Hb anormais) nos testes de triagem neonatal representou um passo importante no reconhecimento da relevância das hemoglobinopatias como problema de Saúde Pública no Brasil.

Em 2005 se instituiu no SUS, as diretrizes para a Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doença Falciforme e outras Hemoglobinopatias.

Também usado as radiografias dos ossos, onde é visível o processo de hiperplasia eritróide acentuada da medula que demonstra alargamento dos espaços medulares, adelgaçamento do córtex e lesões nos corpos vertebrais com o aspecto de “boca de peixe”.

TRATAMENTO

Objetiva a promoção da reabilitação osteomioarticular e cardiopulmonar, diminuição e melhora das algias, melhora da ADM, prevenção de trofismos musculares, recuperação da mobilidade dos tecidos moles, melhora da resistência aos pequenos esforços e da CPT, melhora da dispnéia.

Eletroterapia e Termoterapia  analgesia e melhora a circulação  sanguínea.
Cinesioterapia passiva, ativo-assistida e ativa
Trabalho aeróbio de baixa carga
Inspirometria de incentivo
VNI  melhorar oxigenação, ↓ WOB
Oxigenoterapia hipóxia
Transfusões de concentrado de hemácias  melhora a capacidade de transporte de O2

Fonte:
OLIVEIRA, R. et al. Perfil das internações por pneumonia em crianças portadoras de anemia falciforme em hospital pediátrico de Salvador. Revista Baiana de Pediatria, vol. 5, nº1, 2011.
CANÇADO, R; JESUS, J. A doença falciforme no Brasil. Rev. bras. hematol. hemoter. 2007;29(3):203-206.
GUALANDRO, S; FONSECA, G; GUALANDRO, D. Complicações cardiopulmonares das doenças falciformes. Rev. bras. hematol. hemoter. 2007; 29(3):291-298. 

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Fratura do platô tibial

Lesão que envolve 10 a 12 cm proximais da tíbia, região eminentemente esponjosa, sendo mais frequente no côndilo lateral.

Causas: acidente automobilístico (40 a 60%), queda de altura, escorregões ou torções.

A combinação de uma compressão e força em valgo produz uma fratura lateral e em varo produz uma fratura medial.

INCIDÊNCIA

Sexo / idade: maior frequência em mulheres mais velhas (osteoporose). Em pacientes jovens está associada a traumas de alta energia.

LESÕES ASSOCIADAS

15 a 45% ligamentos colaterais
20% lesões meniscais

CLASSIFICAÇÃO DE SCHATZKER

A classificação de Schatzker divide as fraturas do platô tibial em seis grupos distintos, distinguindo entre cisalhamento puro, depressão pura e associação entre esses dois padrões. Estabelece também um prognóstico diferencial entre as fraturas isoladas do platô lateral e as do platô medial.

Os três primeiros grupos (I, II e III) são fraturas puras do planalto tibial, em geral, associadas a mecanismo de baixa energia. Os grupos IV, V e VI são fraturas-luxação do joelho, portanto, mais graves e associadas a danos importantes de tecidos moles.

TIPO I: Fratura do platô lateral
TIPO II: Fratura e depressão do platô
TIPO III: Depressão do platô
TIPO IV: Fratura do platô medial
TIPO V: Fratura dos platôs medial e lateral
TIPO VI: TIPO V + Diáfise ou metáfise

CLASSIFICAÇÃO AO (ARBEITSGEMEINSCHAFT FUR OSTEOSYNTHESENFRAGEN)

A classificação AO permite graduar o dano de tecidos moles, mesmo em fraturas fechadas, estabelecendo um prognóstico mais exato. Trata-se de um método alfanumérico onde as fraturas do planalto tibial são classificadas em 41 B ou 41 C, de acordo com o envolvimento parcial ou total da superfície articular.


TRATAMENTO CONSERVADOR

Fraturas sem desvio ou com mínimo desvio (2 a 4mm) ou até 1cm (5mm) de depressão.

 Imobilização (cast brace, aparelho gessado articulado) por 6 semanas.
 Evitar descarga de peso antes da 8ª semana ou até que surja evidência radiológica de consolidação (12ª semana).
 Iniciar o mais precoce possível exercícios isométricos para quadríceps e exercícios ativo-assitidos e ativos para ganho de ADM.

TRATAMENTO CIRÚRGICO

Normalmente as fraturas de alto impacto necessitam de 3 a 5 dias para que os tecidos moles normalizem (diminua o edema).
 Fixação com 2 ou mais parafusos canulados (+ placas); pode ser necessário enxerto ósseo da crista ílíaca ou sintéticos.

TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO

Não colocar carga até 8ª semana. 

1º a 2º DPO:

 O joelho estará protegido por uma órtese em dobradiça, com 10 a 20º de flexão;
 Crioterapia 2/2 h – 20 minutos cada aplicação;
 Cinesioterapia passiva 0º a 30º;
 FES (para estimular o quadríceps).

A partir do 3º DPO:

Mantém-se o gelo antes e pós- tratamento
Exercícios ativo-assistidos
Mobilização da patela

A partir do 2ª semana de DPO:

Mobilização posterior do fêmur em relação a tíbia  
Manter mobilização de patela
Manter exercícios para quadríceps e isquiotibiais
Mobilização resistida do tornozelo

➮ A partir da 8ª semana:  treino de marcha com carga parcial.

COMPLICAÇÕES

Infecção – 12% dos casos
Perda da fixação
Artrose pós-traumática
Laceração da artéria poplítea


segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Terapia de Higiene Brônquica

É um conjunto de técnicas que tem como objetivo auxiliar e promover a remoção de secreção, diminuir o shunt pulmonar, melhorar a relação V/Q, reduzir obstrução brônquica, reduzir o trabalho respiratório e prevenir danos estruturais. A técnica de THB pode ser realizada com pacientes em VM ou em VE.

Existem alguns marcadores para a realização de THB como:

1. redução SpO2;
2. aumento do trabalho respiratório;
3. no caso de pacientes em VM, exteriorização da secreção no tubo endotraquel;
4. aumento da pressão resistiva;
5. presença da curva fluxo denteada.

Antes da realização da técnica de aspiração é necessário que se realize algumas técnicas para o deslocamento da secreção, tornando o procedimento mais fácil, como por exemplo: a tosse manualmente ou mecanicamente assistida, huffing, compressão torácica, hiperinsuflação com a utilização do ventilador ou de forma manual, aumento da PEEP, posicionamento, exercícios respiratórios.

Pacientes que permanecem em tempo prolongado de imobilização no leito e VM, perdem força muscular respiratória, consequentemente, tem um déficit para realizar a tosse e assim dificuldade em expectorar. Esse perfil de paciente necessita de auxilio para a remoção de secreção.


Dessa forma, a técnica de THB é utilizada em serviços hospitalares, sendo bastante eficaz, diminuindo o tempo de internamento, reduzindo custos e aumentando a sobrevida, seus benefícios são bem documentados na literatura.


quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Incapacidade motora e cerebral (Paralisia Cerebral)

A paralisia cerebral ocorre em decorrência da falta de oxigenação do tecido nervoso ou alguma agressão relacionada ao cérebro imediatamente, durante ou após o processo de nascimento.

Usualmente dividem-se as lesões cerebrais em três tipos:
➦ Pré parto: Ameaça de aborto, choque direto no abdômen da mãe, exposição aos raios-X nos primeiros meses de gestação, Infecções contraídas pela mãe durante a gravidez, mãe portadora de diabetes, toxemia, hipertensão da gestante.
 Parto: Falta de oxigenação ao nascimento da  criança, lesões, uso do Fórceps, manobras obstétricas violentas, bebês prematuros.
➦ Pós parto:  Febre muito alta (39ºC ou superior),  desidratação, infecções cerebrais causadas por meningite ou encefalite, envenenamento por gás ou por chumbo, sarampo, traumatismo crânio-encefálico até os 3 anos de idade.

DIAGNÓSTICO

➦ Dificuldades de sucção, tônus muscular diminuído, alterações da postura e atraso pra firmar a cabeça, sorrir, rolar, etc.
➦ Reflexos primitivos – Reflexo de Moro
➦ Exames de laboratório e Neuroimagem

ESPASTICIDADE
  • Trato piramidal – tônus muscular aumentado;
  • Tetraplegia espástica – infecções, hipóxia e traumas ou malformações cerebrais graves; 
  • Diplegia espástica – envolvimento maior dos músculos inferiores; prematuridade; crianças adquirem marcha independente antes dos 8 anos de idade.
  • Hemiplegia espástica – alterações do movimento em um lado do corpo, tendo como causas malformações cerebrais, acidentes vasculares ocorridos ainda na vida intra-uterina e traumatismos crânio-encefálicos. Apresentam bom prognostico motor e adquirem marcha independente. Dificuldade de usar a mão.

ATETOSE

➦ Movimentos involuntários:
  • Coreoatetose: Movimentos involuntários contínuos, uniformes e lentos, arrítmicos e de inicio súbito.
  • Distônicas: Movimentos antagonista, lesão dos gânglios da base, causada pela hiperbilirribinemia neonatal.

HIPOTONICIDADE

➦ Mascarar condições degenerativas não diagnosticadas;
➦ Precursor da Atetose.

ATAXIA
  • Lesões cerebrais ou das vias cerebelares;
  • Marcha cambaleante por causa da deficiência do equilíbrio;
  • Incoordenação dos movimentos
  • Está geralmente associada a sinais piramidais (Tônus muscular aumentado e reflexos tendinosos exarcerbados)

RETARDO MENTAL

➦ Capazes intelectualmente;
➦ Mais comumente observado nas crianças com tetraplegia espásticas.

EPILEPSIA
  • Descarga elétrica anormal – Crises epiléticas;
  • Contrações musculares generalizadas ou localizadas, movimentos rítmicos com a cabeça,desvio no olhar, movimentos rápidos sem piscar os olhos, etc;
  • Eletroencefalograma;
  • Tratamento com anticonvulsivantes, podendo haver reações como irritabilidade e crise alérgica.

DEFICIÊNCIA AUDITIVA
  • Audiometria de tronco cerebral;
 Principais fatores:
➦ suspeita que a criança não está ouvindo,
➦ infecções congênitas,
➦ malformação do pavilhão auricular, face ou palato,
➦ baixo peso ao nascer,
➦ uso de medicações tóxicas para o ouvido;
  • Aparelhos auditivos.

DIFICULDADE DE ALIMENTAÇÃO

➦ Desordem da sucção, mastigação e deglutição comuns em crianças com envolvimento total.
➦ Oferta monótona de certos tipos de alimento, tais como, leite e derivados;
➦ Desnutrição;
➦ Dietas planejadas de acordo com as limitações da criança.

DEVOLUTIVA PARA OS PAIS

O Fisioterapeuta deve auxiliá-los a descobrir os aspectos positivos dos seus filhos e também na necessidade de sua participação no tratamento.

O PROGRAMA
  • O programa é feito de acordo com cada criança;
  • Tirar fotos e fazer vídeos da criança, para acompanhar a evolução;
  • Visar metas de curto e longo prazos, direcionando para qualidade dos movimentos, melhorar a função e controle postural;
  • Orientações para casa e escola;
  • Equipamentos para posicionamento;
  • Frequência no programa de fisioterapia.

ALTA DA FISIOTERAPIA

➦ Quando a evolução é estacionaria, deve liberá-lo da fisioterapia sistemática;
➦ A alta do paciente portador de PC deve ser estudado com o paciente e a familia;
➦ Não significa desligamento total do tratamento, retornando para revisões e orientações periódicas.

PREVENÇÃO
  • Acompanhamento pré-natal regular
  • Boa assistência ao recém-nascido na sala de parto;
  • Boa nutrição
  • Eliminação de álcool,fumo, drogas,etc;
  • Vacinas;
  • Uso de cadeiras de segurança especiais para crianças pequenas, ajustadas ao banco do automóvel;
  • Quase afogamento
  • Prevenção de sarampo,meningite meningocócica.